Sex, 09 de novembro de 2018, 16:18

Oficina de Braille promove debate sobre acessibilidade
Estudantes se reuniram na Didática VI para compreender o sistema de escrita que auxilia pessoas com deficiência visual

“O que você faria se perdesse a visão da noite para o dia?”. Foi com essa pergunta que, na tarde da última quinta-feira, 8, teve início a I Oficina de Noções Básicas do Sistema de Escrita Braille da Universidade Federal de Sergipe, evento promovido pelo Programa de Educação Tutorial em Serviço Social e que integrou a programação da V Semana Acadêmica da UFS (Semac).


Evento ocorreu na última quinta-feira, 8, na Didáica VI. (Fotos: Jéssica Vieira | UFS)
Evento ocorreu na última quinta-feira, 8, na Didáica VI. (Fotos: Jéssica Vieira | UFS)

Com o objetivo de debater os processos de inclusão e de levar informações sobre o sistema que promove a comunicação de pessoas com deficiência visual em todo mundo, os estudantes puderam ter contato com o alfabeto e a dinâmica de numeração, além de conhecerem os materiais utilizados nessa construção.

Para Mayara Augusta, estudante do 8º período de Serviço Social, a oficina possibilitou um olhar sobre a acessibilidade e a convivência com pessoas com necessidades especiais.


"Com a proposta da oficina, resolvi participar e vi que foi um ponto motivador para que eu siga aprendendo mais sobre essa realidade”, disse a estudante Mayara Augusta.
"Com a proposta da oficina, resolvi participar e vi que foi um ponto motivador para que eu siga aprendendo mais sobre essa realidade”, disse a estudante Mayara Augusta.

“Eu sempre tive bastante curiosidade em reação ao Braille. Ficava pensando nas barreiras existentes no universo da pessoa com deficiência visual e de que forma elas eram transpostas na comunicação e no próprio dia a dia porque muito se fala em inclusão, mas pouco se observa a inserção desses mecanismos na sociedade. Então, com a proposta da oficina, resolvi participar e vi que foi um ponto motivador para que eu siga aprendendo mais sobre essa realidade”, disse Mayara.

No decorrer da oficina, foram promovidas brincadeiras e associações que remeteram ao universo lúdico, tornando mais fácil o contato inicial dos estudantes com o Braille, possibilitando um maior interesse pelo assunto.

“O aprendizado do Sistema Braille não é dos mais fáceis, uma vez que exige do indivíduo vidente uma concentração maior para percepção do tato e um consequente desapego visual. Para a oficina, que é um trabalho introdutório, há uma inserção mais lúdica, como uma alfabetização inicial mesmo”, explica o professor Edvaldo Serafim, técnico da UFS e único revisor do Sistema Braille no estado.


Estudantes aprendem o funcionamento do Sistema Braille.
Estudantes aprendem o funcionamento do Sistema Braille.

Ele acrescenta ainda que a manifestação dos estudantes pelo entendimento do tema contribui significativamente para os processos de inclusão dentro do sistema educacional.

“Ainda estamos caminhando a passos lentos, mas são essas pequenas atitudes que nos mostram que existe, sim, uma parcela da sociedade interessada no processo de inclusão, de acessibilidade. A realização da oficina, por exemplo, foi iniciativa dos próprios estudantes, uma solicitação para o melhor entendimento deles e, consequentemente, da sua aplicabilidade no exercício profissional. Há alguns anos, o deficiente passou a ter consciência de seus direitos e do seu lugar na sociedade, que precisa ser preservado e respeitado, e isso gerou uma maior conscientização no meio acadêmico”, ressaltou Edvaldo.


Victoria Feitoza: "Seria ótimo se eventos como esse pudessem ser promovidos mais vezes aqui na UFS”.
Victoria Feitoza: "Seria ótimo se eventos como esse pudessem ser promovidos mais vezes aqui na UFS”.

A participação na oficina também norteou as perspectivas profissionais da estudante de Ciências Sociais Victória Feitoza, que já desempenha atividades inclusivas em seu estágio no Conselho Estadual da Pessoa Com Deficiência.

“Trabalho diariamente com a realidade das necessidades da pessoa com deficiência, mas o aprimoramento profissional, através de cursos, oficinas e palestras, é muito necessário, independente da área. Seria ótimo se eventos como esse pudessem ser promovidos mais vezes aqui na UFS”, diz a estudante.

Sistema Braille

Criado pelo francês Louis Braille (1809 - 1852), que perdeu a visão aos 3 anos, o sistema homônimo de leitura e escrita é disposto de 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas (cela) de três pontos cada.

Através dele, é feita a representação tanto de letras como algarismos e sinais de pontuação, que são escritos da direita para a esquerda, a fim de serem lidos da forma "convencional" (esquerda para a direita).

O sistema é utilizado por pessoas cegas e com baixa visão em todo o mundo, sendo de grande relevância nos seus processos de comunicação.

Jéssica Vieira

comunica@ufs.br


Atualizado em: Sex, 09 de novembro de 2018, 17:45
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