Há algumas semanas, o Ministério da Educação (MEC) divulgou os resultados do processo nacional de avaliação das Instituições de Ensino Superior (IES). A avaliação leva em conta diversos parâmetros, dentre eles o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que combina informações referentes ao número de professores mestres e doutores, o regime de dedicação destes (parcial ou exclusivo), além da infraestrutura do curso. O desempenho dos alunos no ENADE (Exame Nacional de Desempenho Educacional) também é levado em consideração: mais precisamente em relação aos desempenhos médios padronizados dos estudantes no que diz respeito à formação geral e ao componente específico.
Após a avaliação de várias IES de todo país, o resultado apresentado pelo MEC traz algumas gratas ‘surpresas’. Uma delas digna de aplausos e dos mais sinceros parabéns. O Curso de História da Universidade Federal de Sergipe, numa escala de 1 a 5, obteve nota 4. Procurado para falar sobre o assunto, o atual chefe do Departamento de História (DHI), Lourival Santana Santos, teceu algumas considerações bem interessantes.
Ascom/Cesad: Lourival, tendo em vista que passou boa parte da sua história na UFS dedicado ao curso presencial de História, como foi a adaptação à modalidade a distância? E agora, já inserido na EAD, como está seu perfil como professor da modalidade presencial?
Lourival Santana: Primeiro vou historiar um pouco o meu ingresso na EAD. Lembro que em 2006, a chefe do DHI era a Professora Maria Izabel Ladeira e eu era o Coordenador do Curso de História, quando recebemos um convite do Pró-Reitor de Graduação para apresentar a proposta de implantação dos cursos a distância na UFS. Na época eu sabia que algumas universidades do Brasil ofertavam essa modalidade, mas para mim era totalmente desconhecida. Levamos a proposta para o Conselho Departamental que aprovou, teve apenas um Professor que foi contrário. Juntamente com a Professora Izabel, elaboramos o Projeto que foi aprovado pelo CONEPE (Conselho do Ensino, da Pesquisa e da Extensão). Participei de um curso de Aperfeiçoamento que foi ofertado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e começamos a elaborar o material didático impresso. Nesse meio tempo eu comecei a pesquisar sobre a modalidade e percebi que esta significava o futuro da Educação principalmente por conta das transformações tecnológicas que o mundo estava passando e a educação deveria se adaptar a essas novas tecnologias, e hoje me considero perfeitamente adaptado a esta modalidade e faço uma afirmativa futurista, ou seja, a EAD ocupará paulatinamente o espaço do ensino presencial. Com relação ao meu perfil como professor da modalidade presencial, o mesmo mudou significativamente e uma das provas dessa mudança é que no presencial eu utilizo basicamente o mesmo material didático da EAD. Aliás, não só eu como também outros Professores do DHI.
Ascom/Cesad: Como foi participar (e ser homenageado) da primeira colação de grau dos alunos de História na modalidade à distância? Você tem ciência de que sua colaboração e trabalho foram fundamentais para que isso se tornasse realidade, certo?
Lourival Santana: Eu inicio com uma frase do meu discurso de Paraninfo, ou seja, por aquele momento “eu percorreria outra vez os mesmos caminhos, todos os caminhos, e cometeria até, se fosse preciso, os mesmos erros, somente para estar ali e desfrutar daquela homenagem que considero como a realização suprema na vida de um professor”. Aquele dia ficará para sempre registrado na história da Universidade Federal de Sergipe, a colação de grau da primeira turma na modalidade à distância. No caso do curso de História, aquela foi a primeira turma formada no Brasil em EAD no âmbito das universidades federais.
Quero frisar que não foi apenas a minha colaboração e o meu trabalho que tornaram possíveis aquele momento, pois não podemos esquecer que fazemos parte de uma equipe, cujo resultado final foi a somação do esforço, da competência e dedicação e do compromisso, equipe pedagógica, diretoria, Professores Coordenadores, Professores que elaboraram o material didático impresso, Tutores a Distância e Presenciais, Coordenação de Material Didático Impresso e Digital (MDI), enfim de todos que fazem o Cesad (Centro de Educação Superior a Distância).
Ascom/Cesad: O que muda no curso de História dentro da UFS é basicamente a modalidade como o mesmo é ministrado (presencial ou à distância). Entretanto, há diferença no perfil dos alunos dessas modalidades? A dedicação e o empenho são diferentes?
Lourival Santana: Existem diferenças significativas entre as duas modalidades, sendo no meu entendimento a principal a metodologia do ensino/aprendizagem e seus objetos de aprendizagem a exemplo das mídias impressas, a internet e as novas ferramentas tecnológicas que tornam mais efetivos os ambientes de ensino e aprendizagem apoiados nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Quanto ao perfil dos alunos, existem diferenças a exemplo da distância entre a formação no ensino médio e o ingresso na universidade, em média 4 anos, ao contrário do presencial cuja média é de 2 anos. Outro aspecto é que a quase totalidade dos alunos da EAD já estão inseridos no mercado de trabalho, em outras palavras, não são alunos profissionais (dedicados apenas ao estudo). Mas isso não significa que diminui a qualidade, pois esta depende muito do projeto didático/pedagógico do curso, e, no caso do curso de História, nosso projeto dá condições para diminuir estas diferenças. Assim, os formandos tanto na EAD como no Presencial sairão com todas as competências e habilidades necessárias para o exercício do magistério ou em setores que exigem a produção do conhecimento histórico. Outra diferença que considero importante, e na minha opinião torna o ensino a distância mais democrático, são as categorias tempo e espaço, ou seja, na EAD o aluno define o seu tempo e seu espaço de estudo ao contrário do presencial, pois estas categorias são impostas. Quanto à dedicação e o empenho depende muito dos agentes envolvidos principalmente no caso da EAD dos tutores e dos Coordenadores de disciplinas. Da mesma forma que no presencial cujo aluno necessita não apenas dos conteúdos ministrados como também de estímulos.
Ascom/Cesad: O que significa para você, como professor, como integrante do DHI e do Cesad, um resultado tão positivo na avaliação realizada pelo MEC?
Lourival Santana: Realizado, pois tenho a certeza de que estamos no caminho certo, não esquecendo que precisamos melhorar muito mais para atingirmos a excelência (nota 5). Por último quero destacar que o êxito do curso de História nesse momento se deve a todos que participaram e participam, como citei anteriormente. O curso de História nessa avaliação do MEC está à frente de universidades de destaque, a exemplo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - (cursos 107717 e 314347), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Para os alunos quero lembrar que esse êxito se deve também a eles, pois um dos itens da avaliação é a participação destes no ENADE, com eficiência e compromisso o que demonstra também que o nosso PPPC (Projeto Político/Pedagógico de Curso) está no mesmo nível das outras IES ou até mesmo melhor, pois o ENADE é nacional o que significa que os conteúdos ministrados no nosso curso e as metodologias aplicadas não estão aquém das grandes universidades. Outro item da avaliação se refere à qualificação do corpo docente e o regime de trabalho. No caso do Curso de História, hoje temos 19 professores, sendo: 3 mestres, 3 doutorandos e 13 doutores, todos com regime de trabalho em Dedicação Exclusiva (DE).
Ascom/Cesad